O Dr. Jule Eisenbud (1908–1999), renomado psiquiatra e membro da Sociedade de Psicanálise de Nova York, dedicou grande parte de sua carreira a explorar fenômenos que desafiam os limites da ciência tradicional. Em seu livro Psi and Psychoanalysis, ele abordou temas polêmicos, como a telepatia e a sugestão mental à distância, que continuam a intrigar pesquisadores e leigos até hoje.
Neste artigo, vamos explorar as experiências do Dr. Eisenbud com a telepatia e a sugestão mental, seu relato da experiência analisando como ele demonstrou que a mente humana pode influenciar outras mentes à distância. Esses estudos abrem portas para uma compreensão mais profunda da conexão entre a psique humana e os fenômenos paranormais.
O Poder da Sugestão Mental à Distância
A ideia de que uma pessoa pode influenciar os pensamentos e ações de outra à distância é um dos fenômenos mais fascinantes e controversos da história da humanidade. Enquanto civilizações antigas aceitavam a telepatia como parte de suas práticas mágicas e espirituais, o homem moderno, dominado pela ciência e pela lógica, tende a descartar tais possibilidades.
No entanto, pesquisadores como o Dr. Eisenbud e outros, incluindo Janet e Richet no século XIX, e cientistas soviéticos como L. L. Vasilec, realizaram experimentos que sugerem que a sugestão mental à distância é real. Apesar disso, esses estudos nunca receberam o reconhecimento que merecem no campo da pesquisa psíquica.
A Experiência do Dr. Eisenbud com Harry
Uma das experiências mais notáveis do Dr. Eisenbud envolveu um paciente chamado Harry, um motorista de caminhão que ele tratava com hipnose. Durante um período de férias, o Dr. Eisenbud decidiu testar a sugestão mental à distância. Ele concentrou-se mentalmente em Harry, sugerindo que ele fizesse um telefonema interurbano. No entanto, a casa onde o Dr. Eisenbud estava não tinha telefone, o que tornava o pedido aparentemente impossível.
Uma semana depois, de volta à cidade, o Dr. Eisenbud realizou uma sessão de hipnose com Harry e deu-lhe uma ordem mental para telefonar às 5 horas da tarde. Apesar de Harry não ter atendido ao pedido imediatamente, ele começou a enviar cartões postais e, eventualmente, fez um telefonema interurbano. Esse comportamento era incomum para Harry, que raramente se comunicava dessa forma.
O Dr. Eisenbud interpretou esses eventos como uma resposta à sugestão mental, embora Harry não estivesse ciente das ordens dadas durante a hipnose. Essa experiência levou o Dr. Eisenbud a questionar os limites da mente humana e a possibilidade de influenciar outras pessoas à distância.
Outras Experiências com Sugestão Mental:
Após a experiência com Harry, o Dr. Eisenbud decidiu testar a sugestão mental com outras pessoas. Em um caso, ele concentrou-se mentalmente em um paciente de Nova Jersey, que havia sido hipnotizado recentemente. Pouco tempo depois, o paciente ligou para transferir uma consulta, algo que o Dr. Eisenbud considerou uma resposta à sua sugestão.
Outra experiência envolveu uma amiga que morava em Connecticut. Após concentrar-se mentalmente nela, ela ligou para o Dr. Eisenbud, dizendo que sentiu uma compulsão repentina de se comunicar com ele. Esses eventos repetidos levaram o Dr. Eisenbud a questionar se ele estava realmente influenciando as pessoas ou se estava apenas percebendo intenções que já existiam.
A Resistência à Ideia de Onipotência Mental
O Dr. Eisenbud observou que a ideia de influenciar outras pessoas à distância pode despertar uma forte resistência, tanto nos indivíduos quanto na comunidade científica. Essa resistência está enraizada no medo de perder o controle sobre a própria mente e no estigma associado a fenômenos paranormais.
Ele comparou essa resistência ao conceito psicanalítico de “ilusão infantil de onipotência”, onde a criança acredita que pode controlar o mundo ao seu redor. No entanto, o Dr. Eisenbud argumentou que, em vez de rejeitar essas possibilidades, devemos explorá-las de forma criativa e científica.
Relato da Experiência Pelo Dr. Jule Eisenbud
A seguir, leia o relato completo, nas próprias palavras do Dr. Jule Eisenbud, sobre sua experiência de telepatia mencionada nos textos anteriores.
Há 25 anos, quando passava as férias de verão numa cidade a cerca de 150 quilômetros de Nova York, onde clinicava na época, fiquei muito interessado em um trabalho que li sobre sugestão à distância, e resolvi tentar a experiência.
Escolhi um de meus pacientes que tratava por meio da hipnose, um motorista de caminhão chamado Harry, que julguei estar em Nova York na ocasião. Concentrei-me por alguns minutos, sugerindo-lhe que me desse um telefonema interurbano coisa que seria bastante extraordinária, se acontecesse.
Depois de fazer minha oração, pois foi isso que fiz ocorreu me que o eventual telefonema de Harry não só seria extraordinário, como também impossível, uma vez que a casa onde me encontrava não tinha telefone.
Uma semana depois, de volta à cidade, durante uma sessão de terapia com Harry, coloquei o em estado de transe a lhe dei “mentalmente” uma ordem para ser realizada depois da hipnose. Por alguns minutos concentrei me na ideia de que ele me telefonasse às 5 horas da tarde. A hora chegou a ele não me telefonou, e como não aconteceu nada no dia seguinte, conclui que o resultado da experiência fora negativo. Alguns dias depois, Harry me telefonou para dizer que ia sair de férias em agosto. Não considerei isso um “resultado”.
Entre os dias 18 a 25 recebi três cartões de Harry, enviados de onde ele estava, a 100 quilômetros de Nova York. Como, durante os dez anos em que o conheci, ele me enviara apenas uma carta descrevendo um sonho, a pedido meu, essa nova necessidade de se comunicar comigo parecia ser motivada por algum impulso fora do comum.
No dia 26, Harry me deu um telefonema interurbano, valendo se de um pretexto evidentemente arranjado. Fiquei achando então que ele me enviara aqueles cartões durante algum tipo de luta contra a compulsão de me telefonar.
Lembrando que eu o havia “chamado” quando ele não tinha possibilidade de responder, fiquei pensando se a “ordem” inicial teria prioridade e se tudo mais deveria esperar até que ela fosse cumprida. O fato é que, só quando Harry estava a muitos quilômetros de distância, pôde cumprir a primeira ordem. E os postais, que certamente não eram o tipo de comunicação que eu pedira, podiam muito bem significar uma luta interna de Harry para não ceder a um ato inteiramente contrário ao seu comportamento habitual.
Isso é comum quando um paciente recebe ordens verbais para serem cumpridas depois da hipnose. A pessoa tenta uma fusão, um acordo, numa tentativa literal, onde isso não é possível. Tanto a primeira quanto a segunda ordem foram dadas durante a tarde, e o telefonema interurbano chegou às 12h45.
Harry teria indiretamente conseguido realizar minhas ordens dadas mentalmente?
Para que eu pudesse continuar o trabalho com Harry quando ele voltasse para Nova York, tomei nota do que aconteceu e arquivei cuidadosamente os cartões postais. Mas Harry demorou muito a voltar, e eu resolvi esquecer o caso, como se tivesse recebido uma ordem hipnótica para sofrer uma espécie de amnésia sobre o assunto.
Algumas semanas depois, esses acontecimentos de repente me voltaram a memória, de novo por causa de algo que li. Resolvi retomar a experiência. A primeira pessoa que tentei chamar foi Harry, a quem não via desde que saíra da cidade. Concentrei me. Dentro de algumas horas ele me telefonou, apenas para dizer alô.
A “vitima” seguinte de quem me lembrei foi um paciente de Nova Jersey, que tinha sido facilmente hipnotizado por sugestão minha dois dias antes. Contudo, abandonei a ideia, já que era um paciente recente a não tínhamos tido tempo para desenvolver um relacionamento. Ainda assim, menos de uma hora depois, esse paciente me telefonou para perguntar se podia transferir sua próxima consulta para daí a três semanas. Estranho. Seria isso, perguntei a mim mesmo, como que a recusa dele a se submeter às minhas experiências, já que ele me conhecia pouco e não poderia confiar em mim? Mas como poderia eu saber que só o fato de pensar em fazer a experiência com aquele paciente se constituíra numa espécie de ordem? Fiquei tentando descobrir quais pensamentos eram “ordens” a quais não eram.
No dia seguinte, resolvi fazer mais um teste. Concentrei me alguns minutos para “chamar” uma senhora que morava em Connecticut e que eu não via há quinze meses. Dentro de uma hora ela respondeu ao meu chamado, dizendo que tinha sentido a compulsão de se comunicar comigo.
A coisa estava ficando ridícula. Eu ainda não estava preparado para acreditar apesar de tudo o que tinha lido que bastava “pensar” para forçar as pessoas a fazerem coisas que de outra maneira não lhes teriam passado pela cabeça.
Ocorreu me uma alternativa: que os três, Harry, o paciente de Nova Jersey e a amiga de Connecticut, iam me telefonar por qualquer razão a eu, telepaticamente, tomei conhecimento de suas intenções. Assim, eu estaria apenas imaginando que aqueles telefonemas casuais foram provocados por mim. Sem analisar melhor essa explicação, fiquei satisfeito por me sentir ainda entre os mortais comuns.
De novo deixei de pensar no caso. E isso por várias semanas, numa espécie de amnésia confortável.
Então, no começo de abril, fiz uma reconsideração. Estava examinando meus arquivos dos últimos meses, a encontrei notas incompletas sobre essas experiências. Isso em si era significativo. Afinal, por que eu não tinha feito minhas habituais notas detalhadas sobre o que aconteceu? Por que estava tratando tudo com tanta displicência? Compreendi afinal que estava obviamente fugindo de uma coisa que me causava grande ansiedade.
Então recomecei, numa firme tentativa de trabalhar só com Harry e manter meu pensamento atento.
Mas, mesmo assim, tive enorme dificuldade para registrar por escrito todos os detalhes da experiência, para descrever como me concentrava para fazer Harry me telefonar, ou como era quando apenas pensava que talvez fosse conveniente ele me telefonar em tal tarde.
As coisas se tornaram muito confusas, pois, duas ou três vezes em que me concentrei intensamente, Harry não telefonou. E em outras vezes, nas quais apenas pensei nessa possibilidade, Harry deu se ao trabalho de me telefonar sob um pretexto qualquer.
Uma vez ele telefonou apenas para dizer que o lampião que eu lhe havia emprestado há meses precisava ser consertado. Lembrei lhe que já me tinha dito isso. Outra vez, depois de uma sessão de “concentração”, esqueci as ordens dadas e sai à tarde. Quando voltei às 2 da madrugada, disseram me que Harry havia telefonado várias vezes a parecia ansioso por me encontrar. Afinal falei com ele às 2h15. O que era?
Estava procurando um cinema que lhe alugasse um lugar onde pudesse vender balas, e queria saber se eu aprovava a ideia. Disse lhe que ele já tinha falado nisso há alguns dias, e que não precisava resolver imediatamente. Ele não sabia dizer por que era tão urgente falar comigo àquela hora da manhã.
Nos três dias seguintes deixei de pensar em Harry, mas ele telefonou e disse que queria me ver.
Encontrei o no meu consultório no dia seguinte e vi que estava preocupado. Sugeriu que fôssemos andar, e por fim falou. Nas últimas duas semanas, disse, parecia obcecado comigo. Acordava de manhã pensando em mim, ia dormir comigo nos pensamentos. Não podia parar de pensar em mim.
Não lhe contei o que estava acontecendo, mas garanti que ia livrá-lo do problema. Voltamos para o consultório e o pus em estado de transe. Disse lhe então o que estava tentando realizar e garanti que a obsessão ia desaparecer sem outros efeitos. E desapareceu. Alguns dias depois, ele me telefonou para confirmar que tudo desaparecera milagrosamente depois da sessão, e que ele estava conseguindo trabalhar normalmente.
Depois disso, eu também voltei a “trabalhar normalmente”, o que quer dizer que em todos esses anos, depois das experiências com Harry, não fiz outras tentativas de sugestão a distância.
Existe um princípio, aceito por quase todas as escolas de psicanálise, que todos nós temos não muito longe da superfície, e pronto para se manifestar de uma forma ou de outra sob tensão forte resíduo da ilusão infantil de onipotência, do desejo narcisista de conseguir o controle mágico das pessoas à nossa volta. Muitas obras da literatura e da arte em geral atestam o poder de atração desse tema.
Contudo, raramente se admite que a ameaça de algo como a compreensão de tais desejos, reais ou simbólicos, provoca forte resistência inconsciente no Homem moderno. Essa resistência se baseia nos eternos conceitos de loucura e normalidade, mente equilibrada e mente perturbada. Poucas pessoas são capazes de aguentar por muito tempo e muito menos apreciar (à parte a ética do assunto) os poderes imaginários que podem possibilitar superar algumas das inevitáveis dificuldades a frustrações da vida.
Resta saber até onde os investigadores atuais ampliarão suas pesquisas, por quanto tempo serão capazes de tolerar o trabalho continuo que ele requer e quais as consequências científicas e outras que resultarão de um ataque renovado sobre esse fenômeno, que pode ser descrito como enteado da parapsicologia atual.
Diz-se que a sugestão mental à distância está sendo largamente empregada hoje nos Estados Unidos com quanto êxito, não se sabe por moças que querem influenciar os rapazes a se interessarem por elas.
Mas, mesmo se não conseguirmos demonstrar experimentalmente sua eficácia, creio que hoje sabemos o suficiente sobre a sugestão à distância para desenvolvê-la criativamente em nosso pensamento.
Conclusão
As experiências do Dr. Jule Eisenbud com a telepatia e a sugestão mental à distância desafiam nossa compreensão tradicional da mente humana. Embora esses fenômenos ainda sejam controversos, eles abrem portas para novas pesquisas e discussões sobre os limites da consciência e a conexão entre os seres humanos.
A história de Harry e outros casos relatados pelo Dr. Eisenbud sugerem que a mente humana pode ter capacidades que vão além do que a ciência atual consegue explicar. Enquanto continuamos a explorar esses mistérios, é essencial manter uma mente aberta e curiosa, pronta para questionar e expandir os limites do conhecimento.
Explore os Mistérios da Mente!
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Por Jonas Zhang